quarta-feira, 18 de abril de 2012

proposta III - recolha de imagens (c/ ensaio teórico)

Ensaio teórico
A palavra infografia, deriva da expressão anglosaxónica “information graphics”, “popular desde a informatização das redacções de jornais dos finais dos anos 80 e inícios dos 90” (CAIRO, 2008:21). Assim, a designação, que vem dos círculos jornalísticos, diz respeito à “visualização de informação”, podendo ser definida como uma “representação diagramática de dados” (IBIDEM).
            Apesar da origem jornalística, a infografia mereceu largo desenvolvimento desde então. Sem que a representação gráfica de informação tenha deixado de ser o seu principal objectivo, a forma, locais de publicação e formatos diversificaram-se. Além dos jornais, televisão, internet e outros meios de comunicação com uma componente visual podem incorporar infografias. À componente informativa, associa-se a componente contemplativa e margem para reflectir. Mais do que informar, a infografia que seleccionei “Girls are smarter than boys” pretende introduzir a reflexão sobre o papel da mulher na sociedade. A partir de um ponto de vista bem definido, a informação aparece como comprovativo da premissa lançada no cabeçalho.
            A infografia está dividida em três partes. Na primeira, são apresentados dados segundo os quais as mulheres, aos 7 anos, têm melhores resultados e maior QI médio que os homens. Na segunda, são lançados dados que pretendem ilustrar que “girls begin to question their ability because of their gender”. Na terceira, aparecem os números referentes a mulheres em ciências e tecnologias, muito inferior ao dos homens. Assim, a infografia está estruturada para lançar a reflexão sobre a concepção social do género feminino, sugerindo que esta pode estar a prejudicar a mulher na luta pela igualdade de sexos, apesar de todas as suas potencialidades, evidenciadas nas idades mais baixas.
            Dada a sua grande extensão vertical, esta infografia não terá sido construída para ser incluída num jornal, ou numa publicação escrita. Por outro lado, parece muito bem adaptada às potencialidades da internet. Esta organização vertical dos dados vai determinar a leitura, impondo uma ordem lógica e linear. O leitor, assim, acabará por receber a informação pela ordem escolhida pelo autor.
            No que diz respeito à disposição da informação graficamente, não há muito a dizer. Os gráficos circulares e de barras, apesar de construídos com cuidado gráfico, não diferem muito das outras possibilidades gráficas. Para representar o sexo masculino foi escolhido um tom de azul, como é habitual (esta cor está associada a este sexo), enquanto que o feminino é representado por laranja – este já difere do clássico cor-de-rosa, talvez para distanciar o sexo feminino da sua concepção clássica.
            Todas as fotos utilizadas e trabalhadas em círculo (facilita a integração da imagem, dada a ausência de vértices, que ilustram confronto) têm uma estética vintage. Estas imagens fazem lembrar uma época em que a mulher existia como dona-de-casa, mas que buscava a emancipação e igualdade de sexos. Desta forma permitem ao leitor olhar para o passado e notar que ainda falta mudar muita coisa. Duas dessas imagens, uma de um rapaz e outra de uma rapariga, foram trabalhadas com filtros das cores que ilustram os respectivos sexos, complementando a pequena indicação existente, auxiliando o leitor na correlação da cor com o sexo, nos gráficos.
            Segundo John DiMarco, não se devem utilizar duas fontes semelhantes no mesmo trabalho. A utilizarem-se duas fontes, elas devem ser contrastantes - “só há duas abordagens: ou exactamente iguais ou completamente diferentes” (2010:83). Aconselhável é, por exemplo, utilizar uma fonte serifada e uma não serifada. Enquanto que a serifada confere alguma complexidade gráfica ao trabalho, as fontes sem serifa têm atributos geométricos que “são facilmente compreendidos” e, criando “um visual mais pesado”, “estão bem preparados para criar uma dominância visual através da fonte” (IBIDEM:74). Por outras palavras, são de leitura fácil e imediata, ao contrário das serifadas. Assim, verificamos que na infografia analisada, é usado um tipo de letra não serifado para toda a apresentação de dados e um serifado (e itálico) nos títulos, e, por exemplo, no ilustrativo “I Can't”, inserido numa imagem. De realçar que o título é um jogo de fontes, sendo que na sua maioria é serifado e elaborado. No entanto “smarter than” é não serifado. Desta forma, a relação, parte mais passível de erros de interpretação, será assimilada correctamente pelo leitor.
            Concluindo, esta infografia constitui um magnífico exemplar, que informa, semeia a reflexão, ao mesmo tempo que é bela, dando prazer à sua leitura.
 


domingo, 15 de abril de 2012

proposta II - trabalho final

Trabalho final e detalhe dos elementos utilizados.
Ensaio Teórico

Antes de mais é imperativo referir que este trabalho custou-me imenso a fazer. Primeiro, a total ausência de ideias e a dificuldade para escolher o tema, depois a incapacidade de combinar o que queria fazer com aquilo que conseguia fazer, de forma a conseguir a imagem mental que tinha. Não o consegui completamente, mas não fiquei demasiado longe.

Depois de larga reflexão na escolha do tema, acabei por decidir pela construção de um cartaz a anunciar um fictício concerto d'Os Passos em Volta. Logo desde início concebi o cartaz pensando na utilização de frases chave de músicas deles que, repetidas até à obsessão, iriam formar elementos visuais chave da designação da banda. As frases escolhidas foram "Quando descobri que não eras de verdade", "Hoje quero ser o que nunca fui, quero ser um santo popular" e "Vais ser fetra até morrer". Os elementos passariam por um círculo e uma pégada, ou um círculo de pegadas.

Assim, fui experimentando com alguns tipos de letra, mas o resultado era mais que insatisfatório. Experimentei usar composições feitas à mão. Apesar de estas ficarem mais próximas do que eu queria que as anteriores (abaixo exemplo), não registava suficiente o espírito perturbado que eu queria passar, reflexo das distorções da música dos Passos.

Voltei a trabalhar em formato digital, mas desta vez fiz uma maior busca de tipos de letra. Encontrei o Maybe Not Maybe, que traduzia muito bem o som dos Passos. A sua estética pouco cuidada, a forma como é preenchida, o seu estilo jovem, a ausência de serifa, etc. A partir daí, tratei de criar os elementos visuais e as informações chave. Enquanto trabalhava reparei no quão bem ficava uma barreira de texto, que ainda para mais, respeita conceptuamente a música: relembra a "the wall of sound" característica do shoegaze, estilo que faz parte da música dos Passos. O roxo de fundo foi escolhido por condizer com o som da banda.

"Good typography is (to quote Beatrice Warde) invisible; it allows the reader to focus on the content of the text without distraction, while at the same time giving the document a feel that complements, perhaps even enhances, that of the text."  (RUBINSTEIN, R. 1988). Assim, consegui que os dados essenciais sejam legíveis, enquanto a restante composição da tipografia funciona como complemento, neste caso, ajudando a identificar e perceber o evento em causa, consistindo numa representação gráfica da identidade da banda.

Ao contrário do anterior este foi um trabalho extremamente instintivo, em que as diversas partes do trabalho se iam juntando de forma a conseguir recriar a música. Ainda assim, apesar de não ser completamente agradável à visão, consegui criar uma imagem ao mesmo tempo obsessiva e ingénua, um retrato de uma adolescência qualquer, o som tão característico d'Os Passos em Volta, utilizando ainda elementos que permitem identificar a banda facilmente.

domingo, 8 de abril de 2012

proposta II - recolha fotográfica


 *algumas imagens em falta - revelação




Ensaio teórico

Eric Gill inicia o seu Ensaio sobre tipografia com a seguinte expressão: "Tempo e espaço devem ser tidos em discussão de qualquer assunto humano" (1998:1). Estas duas dimensões definem um dos elementos fundamentais da comunicação: o destinatário ou receptor. A construção de qualquer composição visual deve ter em conta o receptor, a fim de ser eficaz. E nada é mais importante do que enquadrar a composição no espaço e no tempo. Isto porque estas duas questões definem a cultura da massa receptora, que não é igual em Portugal e Inglaterra p.e., e que evolui com o tempo.Naturalmente que há pessoas mais abertas a elementos fora de tempo e que uma tipografia fora de tempo ou lugar pode ser extremamente eficaz dentro de determinados grupos de pessoas, mas em casos de produtos mais globais, que se destinam "a todas" as pessoas, a comunicação deve ter em conta o tempo e espaço.

Neste caso em particular, essa imposição mantém-se. Composição de identificação comercial, a tipografia pretende identificar uma marca de tintas que é, portanto, dirigida à população em geral. Como tal, a utilização de uma linguagem fora de tempo ou espaço, poderia agradar a algumas pessoas, mas não iria transmitir uma sensação de actualidade à marca.

Antes de avançar para a análise do tipo de letra convém analisar a marca em si e o restante tratamento visual. Chamando-se Tintas Leme, esta marca não precisa de recorrer a elementos visuais que o indiquem, como faz, por exemplo, a Robbialac. Por outro lado, a marca associa-se ao tema mar, com o Leme e a imagem da âncora e do leme. Independentemente do motivo da associação, a marca pretende criar no receptor uma identificação com o mar, mais concretamente com o leme, para que assim assimile o nome da marca. Para isso é utilizada a imagem do leme e da âncora, porque "as imagens podem ser percebidas num olhar(...) textos precisam de ser lidos e ler é uma actividade analítica, e por isso, uma actividade que consome tempo"(HILLNER, M. 2009).


Já relativamente à composição tipográfica, está dividida em duas componentes: Tintas e Leme. Enquanto Leme merece destaque por ser o nome da marca, Tintas apenas aparece como identificação do produto que a marca vende. Isso justifica a diferença do tratamento das duas palavras.

  • Tintas aparece com uma dimensão mais pequena e em maiúsculas, tem um prolongamento da barra do A e das hastes do T, o ápice do A não é um vértice, sendo recto com uma espora. O N parece também ter uma pequena espora, no ápice superior, sendo que ambosos ápices são rectos. À parte isso nada a destacar, não existe a utilização de serifas, e mais nenhuma letra tem esporas ou serifas, o S constituído por dois bojos e o I por uma simples haste.

  • Já Leme, tem grande dimensão e escrito em itálico. Nada a apontar se não a forma graciosa como as terminais são utilizadas, e toda a serenidade da palavra. Por outro lado, o L merece um tratamento diferente, sendo, além dos T's em tintas, a única palavra com ascendentes e descendentes de dimensão considerável. O próprio tipo de letra é diferente, tendo um olho, quase dois, pois a extensão da terminal superior quase intercepta a haste. O tratamento desta letra é o mais complexo de toda a composição visual, tentando reforçar a associação da marca ao mar. Assim, o L, mais do que uma letra, assume uma forma muito semelhante a um nó (associado à profissão de marinheiro), a um gancho, ou mesmo, mas de forma mais rebuscada, a uma âncora.


Concluindo, a marca utiliza a tipografia e os restantes elementos visuais para construir uma associação ao mar, tentando obter um maior destaque para a sua marca. O trabalho foi muito limitado, e realmente, colocado num sítio onde passo já há vários anos, só nele reparei quando andava em busca de elementos tipográficos. Portanto, o objectivo da composição visual talvez não tenha sido atingido.










proposta II - recolha de imagens - inspiração